O efeito da COVID-19 nas empresas do Uruguai

O CINOI aderiu à investigação para compreender o impacto da pandemia nas empresas.
Data de publicação: 29/05/2020
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A COVID-19 está a causar uma crise que deve ser acompanhada para melhor a resolver. Por esta razão, o Centro de Inovação em Organização Industrial (CINOI) da Universidade de Montevidéu, no âmbito do projecto ProDigital da Agência Nacional de Desenvolvimento, realizou uma pesquisa para medir o impacto que a pandemia pode ter nas empresas e instituições uruguaias.

A partir de quinta-feira, 19 de Março de 2020, foram obtidas 542 respostas. Das instituições onde os inquiridos trabalham, 10% têm até 4 empregados, 19% entre 5 e 19, 23% entre 20 e 99 e 48% mais de 100. O inquérito teve mais respostas nas empresas de maior dimensão, o que mostra uma ampla presença destas no mundo digital.

Embora exista uma elevada percentagem de grandes empresas na amostra, o que não reflecte a distribuição das empresas no Uruguai, há alguns resultados interessantes a destacar. Os inquiridos acreditam que a COVID-19 terá um impacto económico elevado na maioria das empresas uruguaias e já estão a tomar diferentes medidas para a contrariar. Prevêem, em especial, que tal irá afectar a liquidez das MPME. A CINOI continuará a acompanhar o efeito da COVID-19 nas empresas.

Segue-se um resumo dos resultados obtidos até à data pelo CINOI

Como estavam preparadas as empresas no início de 2020 para o trabalho à distância?

64,2% dos inquiridos descreveram que na sua empresa, no início de 2020, já existia a possibilidade de trabalhar remotamente, pelo menos para determinadas tarefas e em determinadas condições. Várias empresas explicaram que já dispunham da tecnologia necessária na altura, mas que esta só era utilizada para dar flexibilidade aos seus trabalhadores. Muitos deles comentaram que tornar o trabalho à distância uma prática comum implica não só dispor das infra-estruturas necessárias, mas também ter uma cultura de trabalho à distância.

Qual o impacto económico que as empresas estimam que o coronavírus terá sobre elas?


47,1% dos inquiridos consideram que a COVID-19 terá um impacto económico elevado na sua empresa. As organizações inquiridas receiam o efeito da propagação da pandemia sobre a economia local e global. Além disso, o maior impacto reportado provém dos clientes, uma vez que estes prevêem que a procura irá diminuir e que os seus clientes terão dificuldade em efectuar pagamentos.

Dos diferentes sectores inquiridos, os mais empenhados seriam os sectores da indústria e do comércio. 67% estimam que esta crise terá um grande impacto nas suas empresas. Isto pode dever-se ao facto de considerarem que, perante uma quarentena obrigatória, 44% das empresas da indústria e do comércio terão de encerrar e 46% terão de cessar as suas actividades principais.

Quanto é que as empresas pensam que seria afectado por uma quarentena obrigatória para o coronavírus?


Apenas 16,2% das empresas inquiridas não seriam afectadas pela COVID-19. O principal obstáculo ao funcionamento à distância foi identificado como o facto de as principais actividades de valor da empresa deverem ser realizadas pessoalmente. Este é considerado o caso de tarefas como: interacção directa com o cliente, entrega de bens ou actividades na agricultura e produção nas indústrias transformadoras.

Além disso, os inquiridos assinalam como obstáculos que a documentação essencial está em papel ou só pode ser acedida a partir do local de trabalho e a falta de tecnologia adequada para que todos os trabalhadores possam desempenhar as suas tarefas à distância. Outros obstáculos mencionados são as barreiras culturais e os problemas para garantir a segurança informática.

Quanto à escassez, a maioria das empresas (81%) indicou que não tinha problemas a este respeito. No entanto, apesar de não sofrerem as consequências, estão a tomar medidas diferentes para a contrariar. Em particular, vários inquiridos indicaram que já tinham feito compras antecipadas e aumentado o seu stock, especialmente os que necessitavam de inputs do estrangeiro, tendo assistido ao avanço da pandemia no mundo nos meses anteriores. Outros inquiridos referiram o reforço da comunicação ao longo da cadeia de abastecimento ou a mudança para fornecedores alternativos.

No que diz respeito às medidas tomadas a nível da empresa, os inquiridos salientaram a incorporação do teletrabalho. Tal é especialmente o caso nos escritórios e pode ser total ou parcial, afectando apenas alguns trabalhadores.

Além disso, vários destacaram a possibilidade de trabalhar por turnos ou por guardas para evitar o contacto. Uma das medidas mais adoptadas é a melhoria da higiene e limpeza dos locais de trabalho, como a realização de procedimentos sanitários para evitar o contágio, para além da utilização de sabão e álcool em gel. Em alguns casos, são mesmo utilizados protectores bucais e luvas.

Muitos mencionaram as recomendações do Ministério da Saúde Pública como um guia para estas medidas. Por último, vários inquiridos indicaram ter reforçado a comunicação em linha com clientes e fornecedores.

Fonte: Jornal El País.


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